CAPÍTULO II
ESTUDO DA VOCAÇÃO
Padre J. Guibert
(Superior do Seminário do
Instituto Católico de Paris)
edição de 1937
SINAIS DE PROVÁVEL IDONEIDADE
Eis alguns sinais de provável
idoneidade para a vida religiosa ou sacerdotal:
1.º Sentir inclinação para a
vida religiosa ou sacerdotal, em geral, vagamente;
2.º Pensar frequentes vezes na
necessidade de fugir do mundo a fim de salvar a alma;
3.º Uma suave inclinação para a
virtude da castidade, embora acompanhada de tentações contrárias em vários
casos, pois a história mostra inúmeros santos que alcançaram grandes vitórias
somente depois de terríveis lutas;
4.º Certo atrativo para a
oração, em geral, — para as leituras piedosas, — para as cerimônias da igreja,
etc.;
5.º O zelo para salvar almas, o
desejo de ensinar o catecismo, de dar a conhecer a religião aos ignorantes,
etc.;
6.º Algum atrativo para o
silêncio, — para a solidão, — embora misturado de tentações para o mundo;
7.º Amor aos estudos sérios, —
mesmo que a natureza incline também para a preguiça ou leviandades;
8.º Respeito, em geral, para a
autoridade legítima, apesar de algum instinto de revolta;
9.º Refletir muitas vezes sobre
a vaidade do mundo, de suas grandezas; — ponderar como tudo passa, etc.;
10.º Certa convicção íntima de
que «se eu permanecer no mundo, serei condenado;» este sinal é dado por santo
Afonso de Ligório assim como o seguinte:
11.º Depois de fervorosa
confissão, passar «muito tempo sem recair no pecado;».
12.º Ter saúde forte ou pelo
menos regular, contanto que não sofra de moléstia contagiosa;
13.º Possuir um gênio franco,
aberto, expansivo, comunicativo;
14.º Ter um exterior decente,
razoável, sociável, isto é, não ter deformidade notável repugnante;
15.º Ser filho legítimo; ter boa
índole (cânone 1.363);
16.º O Pe. William Doyle, no seu
tratado da vocação, além dos sobreditos casos de provável idoneidade, cita
outro curiosíssimo, a saber: ser alguém perseguido por insistente medo de ter
vocação. Nisto, vê ele refinada tentação diabólica, que foi muito comum na vida
dos grandes santos. Numerosos são os que chegaram a rezar para não terem
vocação e que mais tarde foram ótimos religiosos.
Ao terminar, é preciso dizer que
os precedentes sinais de provável idoneidade não são os únicos nem tão pouco
são infalíveis.
Certos pretendentes possuíam tal
ou tal destes sinais e entretanto não tinham verdadeira vocação.
Outros cristãos desprovidos
destes indícios exteriores, revelaram séria vocação por meio de outras provas.
De modo, que o único modo
certíssimo de averiguar a idoneidade é consultar o confessor e depois o
superior provincial do instituto em que se projeta entrar. É a confirmação do
princípio do catecismo do concílio de Trento: tem vocação legítima aquele que é
chamado pelos ministros legítimos da Igreja (Ver o Mensageiro do Coração de
Jesus, n.° 486).
Fonte: A Grande Guerra
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