Etimologicamente, o termo
órgão significa o instrumento. A palavra em português deriva do grego
"órganon", «instrumento». Trata-se, portanto, do instrumento por
excelência, como primeiro conjunto, composto, organizador de sons, pelo que ao
longo da História da Música mereceu o epíteto de 'rei dos instrumentos',
como também Mozart lhe chamava.
O órgão é
um dos instrumentos musicais mais antigos da tradição musical do Ocidente. Foi
o primeiro instrumento de teclas.
O
antepassado do órgão é o hydraulos, ou órgão hidráulico, inventado no século
III a.C. pelo engenheiro grego Ctesíbio de Alexandria, responsável pelo
cruzamento da flauta típica grega, o aulos, com o sistema hidráulico de
injecção de ar comprimido nos tubos.
Partes constituintes:
O órgão é constituído por 4
partes:
Pneumática
Tubaria
Mecânica
A pneumática é o
conjunto formado pelos dispositivos de captação, retenção e envio do ar
comprimido à tubaria, bem como a regulação da sua pressão. Os seus elementos
são:
Ventilador
Fole
Contra-fole
Cainais de Vento
Tubaria
A tubaria, também chamada
canaria, é o somatório de todos os tubos do órgão, encarregues da emissão
sonora.
Os tubos
Os seus elementos
são:
O tubo é o
elemento responsável pela emissão sonora, à passagem do ar através do seu
corpo, funcionando como qualquer instrumento de sopro. Quando o executante
prime uma tecla [estando aberto um dos registos], o ar comprimido é libertado e
conduzido para atravessar o tubo determinado, emitindo a nota correspondente.
Os tubos dividem-se em duas
grandes espécies: os tubos labiais e os tubos palhetados (ou de palheta, ou de
lingueta).
Registo
O registo (ou registro (Brasil)
ou jogo) é um conjunto (ou série) de tubos de uma mesma fila, os quais têm o
mesmo timbre, porque os tubos de uma mesma fila (registo) terem todos
características comuns, tais como:
o material de que são
compostos: ligas metálicas de estanho, chumbo, cobre; ou então madeira), que
pode ser de diferentes tipos: castanho, carvalho, pereira, etc.;
o formato: tubo cilíndrico,
cónico, cónico invertido, paralelipipédico;
a medida: termo organístico que
se refere à relação entre a altura e o diâmetro;
a entoação: termo organístico
que se refere ao ataque, claridade, presença, e outros vectores muito precisos
da qualidade sonora ou timbre.
A conjugação destas
características dão origem a vários tipos de registos, classificáveis de acordo
com uma identificação das suas propriedades acústicas, pois cada qual apresenta
características específicas de altura, intensidade e timbre. Assim temos:
Flautados ou Principais:
sonoridade mais robusta do órgao
Flautas: sonoridade aveludada
Cordas: sonoridade quente
Híbridos: sonoridade mista
Oscilantes: com batimentos
Mutações: correspondem a notas
de intervalos diferentes em relação à nota real que está a ser tocada
Compostos: correspondem a mais
do que uma fila de tubos
Misturas: correspondem a mais
do que uma fila de tubos
Palhetados: de palheta
Mecânica
A mecânica é o conjunto dos
mecanismos que têm por fim a emissão sonora de determinado tubo ou conjuntos
deles. Os seus elementos são:
Registo
Também se designa de registos
os tirantes, existente na consola, que habilitam ou desabilitam a passagem do
ar para a respectiva fila de tubos, dado que os tubos se encontram dispostos no
someiro de modo a os seus pés poderem ser tapados ou abertos por uma régua
(tábua) de registo que o tirante da consola accionada.
Os tirantes aparecem, na
consola, sob a forma de puxadores ou alavancas (para os pés), no caso de um
funcionamento de tracção mecânica. No caso das tracções pneumática e eléctrica,
os registos podem ser accionados por interruptores, sob a forma de plaquetas ou
botões.
Consola com puxadores - típico
dos órgãos de construção francesa
Teclados
Num órgão de vários teclados,
cada qual encontra-se afecto a uma secção particular do instrumento com
características específicas de intensidade, timbre, projecção e com uma
designação particular. Assim temos:
Grande-Órgão ou Principal:
trata-se da secçao mais nutrida e mais sonora do instrumento;.
Órgão de Ecos: trata-se de uma
secção cujos tubos por norma se encontram encerrados dentro de uma caixa,
passível de ser aberta ou fechada através de mecanismo próprio, vulgarmente sob
a forma de pedal;
Positivo: secção com registos
mais agudos e perceptíveis, normalmente prestando-se bem para a prática de
música de câmara (tipo baixo contínuo), vai buscar o seu nome aos órgãos
positivos construídos para o mesmo efeito;
Positivo de Peito: se se
encontra por baixo do grande órgão;
Positivo de Costas: se se
encontra nas costas do organista;
Recitativo: detendo vários
registos solistas;
Expressivo: cujos tubos se
encontram encerrados em caixa de Expressão, fechada por todos os lados, menos
por um que possui persianas, cuja abertura é controlada a partir do pedal
correspondente (Pedal de Expressão);
Bombarda: detendo apenas
registos palhetados;
Em chamada: detendo registos
palhetados em chamada;
Pedaleira: como um teclado para
os pés, esta secçao possui os registos mais graves e susceptíveis de dar a base
harmónica ao edifício sonoro do órgão.
Consola
A consola é a "mesa de
comando" do órgão na qual se materializam todos os dispositivos
manipuláveis pelo executante (o organista), o que compreende os teclados para
as mãos (manuais) e para os pés (pedaleira), os registos e os vários pedais e
pedaletes. A consola pode encontrar-se inclusa no corpo do próprio instrumento
ou então separada deste.
Caixa
A caixa é uma estrutura,
normalmente em madeira, que encerra todo o material anterior. Tem por função
fundir os sons e projectá-los para o exterior, além de uma função prática de
protecção da mecânica e da tubaria. Normalmente é construída para se harmonizar
esteticamente com o espaço arquitectónico onde se insere, aplicando os
organeiros para isso no seu design os mesmos elementos estilísticos presentes
no local.
Fonte: Escravas de Maria
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