Fonte: Escravas de Maria.
São Paulo, Eremita -
Paulo de Tebas(† 347dc)
( A Memória de São de Tebas é em 15 de Janeiro)
São Paulo, o primeiro eremita no Egito, nasceu em 228 na Tebaida, próximo
ao rio Nilo cuja capital era Tebas. De pais cristãos recebeu o filho educação
aprimorada. Favorecidos pela fortuna puderam proporcionar-lhe os meios para
instruir-se nas ciências gregas e egípcias.
Na idade de 15 anos ficou órfão de pai e mãe e proprietário de grandes
bens. O coração, porém, não lhe apetecia os prazeres do mundo; pelo contrário,
sua maior satisfação era servir a Deus, na prática das virtudes cristãs.
Contava 23 anos, quando a grande perseguição de Décio em 250 se estendeu também
sobre a Tebaida. O inimigo não poupou esforços para afastar as almas da
doutrina de Cristo.
Blandícias e torturas entraram em ação para conseguir este fim. Paulo,
impressionado com o que via e, com receio de não ter força para enfrentar o
martírio, fugiu para o deserto, com a intenção de lá ficar, enquanto durasse a
perseguição. Penetrando mais no deserto a dentro, encontrou um dia uma grande
gruta, que no tempo da rainha Cleópatra tinta servido de esconderijo a
criminosos e moedeiros falsos. Paulo resolveu passar o resto da vida naquela
gruta. Água receberia da fonte que lá se achava, e uma palmeira fornecer-lhe-ia
alimento e folhas para cobrir-se.
Assim ficou. Quando escassearam as frutas, Deus lhe mandou
um corvo, que lhe trazia pão todos os dias. Pelo espaço de noventa anos, São
Paulo morou naquela gruta, sem que tivesse visto mais rosto humano.
Quando contava com 113 anos, recebeu a visita de Santo
Antão. Este santo varão igualmente eremita, tinha noventa anos, e julgando-se o
homem mais velho do mundo com este pensamento se envaideceu. Deus lhe revelou a
existência de um ente mais idoso, mais santo e ordenou-lhe que o procurasse.
Sem saber para onde se dirigir, pôs toda a confiança em Deus e entrou no
deserto. Tendo andado metade do dia, encontrou um desconhecido, ao qual pediu
informações relativas a Paulo. O homem, sem dizer palavra, indicou com a mão a
direção e fugiu. Dois dias e duas noites pisou Santo Antão a areia do deserto,
quando percebeu uma loba faminta, que fugitiva, se escondeu na gruta. Santo
Antão foi-lhe ao encalço e, penetrando mais no interior da gruta, viu-se diante
da cela de Paulo. Este, vendo-se descoberto, fechou-se no esconderijo e Santo
Antão põe-se a orar, até que o eremita se resolvesse a aparecer. Depois de
muito esperar, a porta se abriu e Paulo saiu da cela. Os dois abraçaram-se e
apesar de nunca se terem visto na vida, chamaram-se pelo nome, reconhecendo
naquele encontro uma singular permissão da Divina Providência.
“Afinal achaste – Disse São Paulo a Santo Antão a quem procuraste. Estás
vendo um homem que daqui a pouco será pó e cinza”. Depois pediu ao hóspede
informações sobre o estado das cousas do mundo, sobre a perseguição, etc., a
que Santo Antão respondeu de modo que lhe era possível.
Enquanto dialogavam, veio o corvo e trouxe duas rações de pão. São
Paulo, cheio de admiração, disse: “Vê, como Deus é bom e misericordioso,
mandou-nos o nosso manjar. Sessenta anos aqui estou e recebo diariamente um
“pãozinho”; por causa de tua visita, mandou-me hoje ração dobrada”. Nisto os
dois varões reconheceram a intervenção da Divina Providência.
Muitas horas permaneceram em colóquio e a noite passaram em oração. No
dia seguinte disse São Paulo ao companheiro: “Há muito tempo sabia eu que
moravas nesta redondeza. Estando eu no fim da minha vida, Deus te mandou, para
dar sepultura ao meu corpo”. Santo Antão se entristeceu com estas palavras e
pediu ao santo eremita que, indo para o céu, o levasse consigo.
Este, porém, respondeu: “É da vontade divina, que tu fiques ainda algum
tempo no mundo, para o bem daqueles que te veneram como mestre”. Pediu então a
Santo Antão que fosse buscar o manto, que tinha recebido de Santo Atanásio,
para nele lhe envolver o corpo depois de morto. Assim fez, para que Santo
Antão, não fosse testemunha da sua morte para mostrar o grande respeito que
tinha ao grande Bispo, que tanto sofrera em defesa da fé.
Santo Antão foi apressadamente cumprir a ordem do santo eremita. A
pergunta dos Irmãos de hábito, onde se tinha demorado tanto, respondeu: “Ai! De
mim, pobre pecador, que mui injustamente levo o nome de monge! Vi Elias, vi S.
João no deserto, vi Paulo no Paraíso”. Nada mais falou. O medo de não mais
encontrar com vida o eremita São Paulo, não o deixou demorar-se no convento.
Tomou o manto de Santo Atanásio, e com ele pôs-se a caminho para a gruta. Antes
de chegar, viu a alma do santo varão, rodeada de grande esplendor, subir ao
céu, acompanhada de Anjos, Profetas e Apóstolos.
Impressionado com a visão, continuo a jornada, até chegar à morada de
São Paulo. Ao entrar na gruta, um quadro singular se lhe deparou. Lá estava São
Paulo, de joelhos, com os braços em cruz, a cabeça elevada ao céu – imóvel. Se
Santo Antão, ao principio, julgava ver o santo homem em oração, logo se
convenceu de que tinha um cadáver diante de si. Imediatamente dispôs o
necessário para dar sepultura ao defunto. Da floresta próxima vieram dois
leões, os quais com grandes uivos se deitaram aos pés do cadáver; depois de
terem assim dado sinal de gratidão, escavaram na terra uma abertura assas larga
e funda, para nela poder-se sepultar o corpo do Santo Eremita. Santo Antão
rezou sobre o defunto e sepultou-o. Envolveu o corpo do companheiro no manto de
Santo Atanásio, como desejará. Para fazer uma cova, viu-se embaraçado, visto
que não existia instrumento nenhum, com que pudesse remover a terra. Deus veio-lhe
em auxilio.
A única roupa que São Paulo possuía, uma túnica feita de folhas de
palmeira, Santo Antão levou-a como lembrança preciosa e dela se servia só nos
grandes dias de festa.
São Paulo, segundo o cálculo de São Jerônimo, morreu no ano de 347,
tendo a idade de 113 anos.
São Paulo Eremita, rogai por nós.
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