Fonte: Escravas de Maria.
(Santo Antão Abade, Francisco de Zurbaran, 1598-1664) |
Nasceu em Fayum, no
Alto Egito, perto de Heracleopolis Magna cerca do ano 251. Tinha 20 anos quando
seus pais faleceram e ele herdou os bens da família. Foi nesta época que,
participando do Santo Sacrificio, em 269, este jovem egípcio toma à letra o
conselho que de Nosso Senhor Jesus Cristo dá um homem rico no Evangelho:
“Se queres ser perfeito, vende tudo o que tens... Depois vem e segue-me”
(Mateus 19, 21-22). Antão distribui todos os seus bens aos pobres e vai viver
como eremita no deserto da Tebaida, na margem oriental do Nilo.
Santo Atanásio, um
bispo de Alexandria, contará mais tarde a sua vida. Traça o retrato de um
recluso solitário, um orante e autor de prodígios que auto inflige rudes
provações para resistir às tentações do diabo.
Santo Antão incarna a
figura emergente do eremita na história do cristianismo. Ele é considerado o
“pai” dos anacoretas (do grego anakhôrein, “retirar-se”). No Oriente
parcialmente evangelizado dos séculos II e III, já havia homens e mulheres que
tinham escolhido viver a radicalidade da mensagem evangélica, como era o caso
das “virgens consagradas”, que faziam voto de celibato e pobreza. Mas estes
fiéis não deixavam as suas comunidades de origem.
Em 305,
Antão emergiu com grande vigor e saúde. Ele ficou com os eremitas por 5 anos,
regulamentando o trabalho comunitário, as orações e as penitências. Depois foi
para um deserto entre o Nilo e o Mar Vermelho, em um local chamado Monte
Kalzim. Um monastério, chamado Diem Mar Antonios, foi erigido neste local considerado
o mais antigo mosteiro do mundo. Por isso retiram-se para o deserto para aí
viver continuamente em oração e penitência.
Santo Antão
será o seu modelo, o grande batalhador da Santa Igreja contra a heresia ariana,
Santo Atanásio pedia o auxílio de Santo Antão para confirmar, confortar os
mártires das perseguições que estava acontecendo na época e voltou anos mais
tarde para argumentar vigorosamente contra a heresia Ariana lado a lado com
Santo Atanásio, em sua diocese de Alexandria em 311, os fiéis perseguidos pelos
hereges. Apesar de já centenário, Santo Antão atendeu a tão justo pedido. Sua
presença naquela cidade foi de um efeito maravilhoso sobre o povo fiel. Mesmo
os sacerdotes pagãos iam às Igrejas para tentar falar com o homem de Deus. Lá
ele fez muitos prodígios, e Santo Atanásio reconhece que, durante o pouco tempo
que Antão ali esteve, converteu à verdadeira fé mais infiéis do que tinham sido
convertidos durante todo um ano. Os filósofos que vinham discutir com ele,
diante de suas respostas tão pertinentes, ficavam espantados com a viveza de
seu espírito e a solidez de seu julgamento. Via-se que Deus falava por sua
boca.
Santo Antão
ficou conhecido como um homem bom, generoso, corajoso, com bom senso, leal e
sem nenhum excesso e ostentação. Era amigo de São Paulo de Tebas, chamado de o
"eremita" que recebia meio pão por dia dos corvos.
Diz a
tradição que quando Santo Antão foi visitá-lo, os corvos trouxeram um pão
inteiro. O Imperador Constantino, o Grande (323-337), era um dos milhares que
procuravam Antão para ensinamentos e inspirações. Os monarcas, os príncipes
este imperador Constantino escreviam-lhe cartas cheias de respeito, implorando
o socorro de suas preces e pedindo a consolação de uma resposta sua. Santo
Antão lhes respondia exortando-os a não se deixar ofuscar por sua dignidade,
pois eram homens e teriam que prestar contas de seu poder ao Rei dos Reis. Que
usassem de misericórdia e clemência para com todos, socorressem os pobres e se
lembrassem de que só Jesus Cristo é o verdadeiro e eterno Rei. Constantino
conservava uma dessas cartas como o seu mais caro tesouro.
Enfim,
cheio de méritos, Santo Antão entregou sua alma a Deus no dia 17 de Janeiro de
356 aos 105 anos, recomendando aos seus discípulos que escondessem seu corpo
para que não fosse adorado pelos pagãos como a um deus. Deixou sua túnica para
o defensor da Santa Igreja, Santo Atanásio.
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