Meditações retiradas
das obras de Santo Tomás de Aquino
Tempo de Natal
A vida de Jesus entre
os homens
(O Sermão da Montanha (1890), Carl Heinrich Bloch.) |
« Depois de tais
coisas, foi visto sobre a terra, e conversou com os homens » (Br 3, 38)
O
modo de viver de Cristo devia ser conveniente ao fim da encarnação, pela qual
ele veio ao mundo.
1º. Ora, Cristo veio ao
mundo em primeiro lugar para manifestar a verdade, como diz no Evangelho de
João:« Nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade » (Jo 18, 37).
Portanto, ele não devia ocultar-se, levando uma vida solitária, mas agir em
público, pregando publicamente. Por isso diz aos que o queriam deter: « É
necessário que eu anuncie também às outras cidades o reino de Deus, pois para
isso é que fui enviado. » (Lc 4, 42-43).
2º Em segundo lugar,
Cristo veio ao mundo para livrar os homens do pecado: « Jesus Cristo, escreve
São Paulo à Timóteo (1 Tm 1, 15), veio a este mundo salvar os pecadores ». Diz
Crisóstomo: « Embora Cristo pudesse atrair todos a si para ouvir sua
pregação permanecendo ele no mesmo lugar, não o fez, dando o exemplo para que
andemos de um lugar para o outro e procuremos os que estão em perigo, assim
como o pastor procura a ovelha perdida e o médico vai até o enfermo. »
3º Em terceiro lugar,
Cristo veio ao mundo para que « por ele tenhamos acesso a Deus », como
diz a Carta aos Romanos (5, 2). Deste modo, vivendo familiarmente entre
as pessoas, era conveniente que infundisse em todos confiança para dele se
aproximarem. Assim se lê: « E aconteceu que, estando Jesus sentado à mesa em
casa de Mateus, eis que, vindo muitos publicanos e pecadores, se sentaram à
mesa com Jesus e com os seus discípulos. » (Mt 9, 10). E Jerônimo
explica: « Vendo que o publicano, convertido de seus pecados, alcançou a
penitência, eles também não perderam a esperança da salvação »
Portanto, deve-se dizer
que Cristo, por sua humanidade, quis manifestar sua divindade. Por isso,
convivendo com os homens, o que é próprio de um homem, manifestou a todos sua
divindade, pregando e fazendo milagres, vivendo entre os homens inocente e
justamente.
(III, q. XL, a.
1)
(P.
D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)
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