quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

As virtudes de Nossa Senhora - Sua Castidade.


VI. SUA CASTIDADE


Depois da queda de Adão, rebelara-se os sentidos contra a razão, e não há para o homem mais difícil virtude a praticar do que a castidade. Diz Santo Agostinho: por ela luta-se todos os dias, mas raramente se ganha a vitória.

Mas o Senhor nos deu em Maria um grande modelo dessa virtude. Ela, com razão, é chamada Virgens das Virgens e isso porque sem conselhos, nem exemplos de outros, foi a primeira a oferecer a virgindade a Deus, dando-lhe assim as outras virgens que a imitaram.  Na opinião de um santo, é Ela a açucena entre os espinhos, porque as outras virgens, em oposição a Maria, são espinhos para si e para os outros. Maria, com sua só presença, insinuara a todos pensamentos e afetos de pureza. Diz São Tomás: A beleza da Santíssima Virgem despertava em quantos a viam o amor à pureza.

S. Jerônimo diz que São José conservou a virgindade pela companhia de Maria.     Respondendo a heresia de Elvídio que negava a virgindade da Mãe de Deus, disse o Santo Doutor: Dizes que Maria não foi sempre Virgem; mas eu vou mais longe e afirmo que também José permaneceu virgem por causa de Maria.

Na opinião de S. Gregório Nazianzeno, a Santíssima Virgem era tão amante dessa virtude, que para conservá-la, estaria pronta a renunciar à dignidade da Mãe de Deus.
É isso que se deduz da pergunta de Maria ao arcanjo: “Como se fará isso, pois não conheço varão?” (Lc1,34). O mesmo afirma a resposta que deu: “Faça-se em mim segundo a vossa vontade”. Com esses termos significa que dá o seu consentimento, por ter sido certificada pelo anjo que se tornaria Mãe, unicamente, por obra do Espírito Santo.

Na frase de S. Ambrosio, é um anjo quem guarda a castidade, e é um demônio quem a perde. Diz São Belarmino com os mestres da vida espiritual que é preciso empregar meios para manter esta virtude da castidade.

São esses os meios: o jejum, a fugida das ocasiões e a oração.

Sob o jejum entende-se a mortificação, principalmente dos olhos e da gula. Maria Santíssima, embora cheia da divina graça, foi mortificadíssima nos olhos. Trazia-os sempre baixos e nunca os fixava em pessoa alguma, desde pequenina, causava admiração a todos por sua modéstia. Por isso foi apressadamente em visita a Isabel (Lc1,39), para ser menos vista em público.
Foi revelado a um ermitão (pessoa que se isola numa vida de oração e penitência) que Maria quando criança, só tomava leite uma vez por dia. Durante toda a sua vida jejuou sempre. Diz São Gregório, que jamais teria recebido a Virgem tantos e tamanhos favores, se não tivesse sido tão temperante, pois a gula e a graça não se dão bem.

A fugida das ocasiões é o segundo meio para vencer o vício. Assim falam os provérbios: O que evita os laços estará em segurança (11,5). Maria fugia, tanto quanto possível à vista dos homens, como indica a pressa com que foi visitar a sua prima. Aqui adverte um autor que ela deixou Isabel, antes de esta dar à luz, como se conclui das palavras de S. Lucas: E ficou Maria com Isabel perto de três meses; depois voltou para sua casa. Entretanto completou-se o tempo de Isabel dar à luz, e deu a luz um filho (Lc1, 56-57). E porque não esperou? A fim de evitar as conversas e as visitas que se sucederiam então em casa de Isabel.

O terceiro meio é a oração: Sem trabalho e contínua oração a nenhuma virtude chegou a Santíssima Virgem, como consta de uma revelação sua a S. Isabel. Diz S. João Damasceno: Mas quem a ela (a oração) recorre, basta pronunciar-lhe o nome para ser livre desse vício.

(Tirado do Livro Glorias de Maria de Santo Afonso de Ligório)

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