VI. SUA CASTIDADE
Depois da queda de Adão, rebelara-se os sentidos
contra a razão, e não há para o homem mais difícil virtude a praticar do que
a castidade. Diz Santo Agostinho: por ela luta-se todos os dias, mas
raramente se ganha a vitória.
Mas o Senhor nos deu em Maria um grande modelo
dessa virtude. Ela, com razão, é chamada Virgens das Virgens e isso porque sem
conselhos, nem exemplos de outros, foi a primeira a oferecer a virgindade a
Deus, dando-lhe assim as outras virgens que a imitaram. Na opinião de um santo, é Ela a açucena entre
os espinhos, porque as outras virgens, em oposição a Maria, são espinhos para
si e para os outros. Maria, com sua só presença, insinuara a todos pensamentos
e afetos de pureza. Diz São Tomás: A beleza da Santíssima Virgem despertava em
quantos a viam o amor à pureza.
S. Jerônimo diz que São José conservou a
virgindade pela companhia de Maria. Respondendo
a heresia de Elvídio que negava a virgindade da Mãe de Deus, disse o Santo
Doutor: Dizes que Maria não foi sempre Virgem; mas eu vou mais longe e afirmo
que também José permaneceu virgem por causa de Maria.
Na opinião de S. Gregório Nazianzeno, a Santíssima
Virgem era tão amante dessa virtude, que para conservá-la, estaria pronta a
renunciar à dignidade da Mãe de Deus.
É isso que se deduz da pergunta de Maria ao
arcanjo: “Como se fará isso, pois não conheço varão?” (Lc1,34). O mesmo
afirma a resposta que deu: “Faça-se em mim segundo a vossa vontade”. Com
esses termos significa que dá o seu consentimento, por ter sido certificada
pelo anjo que se tornaria Mãe, unicamente, por obra do Espírito Santo.
Na frase de S. Ambrosio, é um anjo quem guarda a
castidade, e é um demônio quem a perde. Diz São Belarmino com os mestres da
vida espiritual que é preciso empregar meios para manter esta virtude da
castidade.
São esses os meios: o jejum, a fugida das ocasiões e a oração.
Sob o jejum entende-se a mortificação, principalmente
dos olhos e da gula. Maria Santíssima, embora cheia da divina graça, foi
mortificadíssima nos olhos. Trazia-os sempre baixos e nunca os fixava em pessoa
alguma, desde pequenina, causava admiração a todos por sua modéstia. Por isso
foi apressadamente em visita a Isabel (Lc1,39), para ser menos vista em
público.
Foi revelado a um ermitão (pessoa que se isola
numa vida de oração e penitência) que Maria quando criança, só tomava leite uma
vez por dia. Durante toda a sua vida jejuou sempre. Diz São Gregório, que
jamais teria recebido a Virgem tantos e tamanhos favores, se não tivesse sido
tão temperante, pois a gula e a graça não se dão bem.
A fugida das ocasiões é o segundo meio para vencer
o vício. Assim falam os provérbios: O que evita os laços estará em segurança
(11,5). Maria fugia, tanto quanto possível à vista dos homens, como indica a
pressa com que foi visitar a sua prima. Aqui adverte um autor que ela deixou
Isabel, antes de esta dar à luz, como se conclui das palavras de S. Lucas: E
ficou Maria com Isabel perto de três meses; depois voltou para sua casa.
Entretanto completou-se o tempo de Isabel dar à luz, e deu a luz um filho (Lc1,
56-57). E porque não esperou? A fim de evitar as conversas e as visitas que se
sucederiam então em casa de Isabel.
O terceiro meio é a oração: Sem trabalho e
contínua oração a nenhuma virtude chegou a Santíssima Virgem, como consta de
uma revelação sua a S. Isabel. Diz S. João Damasceno: Mas quem a ela (a oração)
recorre, basta pronunciar-lhe o nome para ser livre desse vício.
(Tirado do Livro Glorias de Maria de Santo
Afonso de Ligório)
Conheça as outras virtudes de Nossa Senhora:
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