sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Breve Tratado do Matrimônio pelo Rev. Pe. Jean Viollet - Parte III




III – A ESCOLHA

1-  Da escolha depende o futuro 
  A escolha do esposo e da esposa é de importância primordial, porque não se pode esquecer que compromete definitivamente o futuro. Dessa escolha depende a felicidade ou infelicidade do futuro lar, a vida moral e espiritual da família.
2- Não confundir qualidades físicas e qualidades morais

    A escolha pode ser deformada de várias maneiras. Primeiro, porque preocupam-se mais com a qualidades físicas do que com as qualidades morais. O gosto que se tem em presença de uma “bela pessoa” tira ao espírito a liberdade de exame e julgamento; impede ver a pessoa tal como é, com suas qualidades e defeitos; leva-nos a esquecer que as satisfações dos sentidos são variáveis e inconstantes e que a felicidade reside mais na união dos corações e das vontades, cuidadosas de um mesmo ideal moral.
3- A situação financeira não substituirá nunca o amor
As considerações de dinheiro, as vaidades sociais não são menos perigosas quando se trata de se unir para sempre. Ao ter em vista pro­blemas de dinheiro e de situação financeira, quando se trata de fundar um lar, os esposos estão se preparando para as piores desilusões, se decidirem pelo matrimônio para satisfação de simples vaidades sociais ou amor ao dinheiro, sem preocupar-se de pôr em primeiro plano as considerações morais, fundamento do amor conjugai.
4- Pôr em primeiro plano o valor moral da pessoa
Se a atração física deve ter sua parte na escolha do cônjuge, o valor moral da pessoa deve ser colocado sempre em primeiro plano. Por isso, esclarecimentos sérios e seguros devem preceder a decisão final.
5- Necessidade de um estudo aprofundado
E necessário que os pais ou, na sua falta, pessoas de toda confiança, ajudem seus fi lhos a se esclarecer, sobre os antecedentes dos candida­tos e de sua família, do ponto de vista moral e religioso. Não devem negligenciar a questão da saúde. Ninguém tem direito, numa questão de que dependem futuras exigências, de agir sem rodear-se de todas as garantias possíveis e sem assegurar-se das aptidões morais e físicas da pessoa para a criação de uma família sadia. Não é raro que pessoas sem escrúpulos, querendo casar, disfarcem mais ou menos seus verdadeiros sentimentos.
6- A família - O meio social

     Ainda que não se case com a família e o meio social da pessoa escolhida, seria agir com grande imprudência decidir-se a casar sem estar previamente assegurado de que os hábitos de seu meio e sua educação não serão de natureza a provocar conflitos e incompreensões.
7- Harmonias secundárias
Mas, se para o bom entendimento se exige, antes de mais nada, a compreensão mútua, há contudo harmonias secundárias que seria perigoso desprezar. As diferenças de meio social, de educação recebida e a desproporção de fortunas são outros tantos elementos que podem provocar dificuldades e desentendimentos que perturbarão o desemba­raço das relações quotidianas. Seria erro psicológico crer que o amor se basta a si mesmo, e que as dificuldades da vida não podem exercer sobre ele nenhuma influência para o bem ou para o mal.
8- A harmonia exige um ideal comum
Uma das condições essenciais para a boa harmonia conjugal é a co­munhão de ideal moral e de convicções religiosas. Antes de compro­meter-se pelos laços do matrimônio, os interessados deveriam sempre assegurar-se de que existe concordância na sua maneira de encarar os grandes problemas da vida. Nunca poderão estar de acordo os que encaram a vida comum como divertimento com os que a consideram como vocação; os que não partilham os mesmos princípios de moral conjugai; os que têm convicções religiosas com os que não as têm. Se os esposos não querem ver surgir-lhes desacordos trágicos e sofri­mentos sem saída, precisam, antes mesmo do matrimônio, se colocar de acordo nas grandes diretivas de seu ideal conjugai e familiar. Uma mesma direção moral é o fundamento mais seguro para o bom en­tendimento conjugai. Amar é orientar-se juntamente no presente em direção a um ideal cuja realização se procura em comum.
9- Este ideal é especialmente necessário quando se tratar de educar os filhos

     O problema de concordância das convicções morais e de crenças religiosas ganha toda sua importância quando se trata da educação dos filhos, e da influência a exercer sobre suas consciências. Quantas di­visões dramáticas quando, cada um dos esposos, pretende passar para as almas dos filhos convicções contrárias às de seu cônjuge.
10- Os caracteres
Apesar dos preconceitos correntes, cremos que o matrimônio entre pessoas de caráter diferente, até mesmo opostos, nem sempre é de se desaconselhar. Não é raro que caracteres diferentes sejam complementares e se harmonizem na mesma medida em que necessitam um do outro.
11- Matrimônio de coração ou matrimônio de razão
É preciso opor os matrimônios de "coração" aos matrimônios de "razão"? Certamente que não, porque seria deixar entender que, de um lado, o coração tem o direito de ser insensato e que, por outro lado, a razão pode decidir-se independentemente dos sentimentos. Os matrimônios que apresentam as maiores probabilidades de sucesso são aquele em que coração e razão se compreenderam e se entenderam harmoniosamente. O matrimônio não é uma loteria, mas um ato livre, no qual, após ter rezado a Deus e examinado todas as circunstâncias, a vontade se decide com pleno conhecimento de causa.

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