III
– A ESCOLHA
1-
Da escolha depende o futuro
A escolha do esposo e da esposa é de
importância primordial, porque não se pode esquecer que compromete
definitivamente o futuro. Dessa escolha depende a felicidade ou infelicidade do
futuro lar, a vida moral e espiritual da família.
2-
Não confundir qualidades físicas e qualidades morais
A escolha
pode ser deformada de várias maneiras. Primeiro, porque preocupam-se mais com a
qualidades físicas do que com as qualidades morais. O gosto que se tem em
presença de uma “bela pessoa” tira ao espírito a liberdade de exame e julgamento; impede ver a pessoa
tal como é, com suas qualidades e defeitos;
leva-nos a esquecer que as satisfações dos sentidos são variáveis e
inconstantes e que a felicidade reside mais na união dos corações e das
vontades, cuidadosas de um mesmo
ideal moral.
3- A situação
financeira não substituirá nunca o amor
As considerações
de dinheiro, as vaidades sociais não são menos perigosas quando se trata de se
unir para sempre. Ao ter em vista problemas de dinheiro e de situação
financeira, quando se trata de fundar um lar, os esposos estão se preparando
para as piores desilusões, se decidirem pelo matrimônio para
satisfação de simples vaidades sociais ou amor ao dinheiro, sem preocupar-se de pôr em primeiro
plano as considerações morais, fundamento do amor conjugai.
4- Pôr
em primeiro plano o valor moral da pessoa
Se a atração física deve ter sua parte na
escolha do cônjuge, o valor moral da pessoa deve ser colocado
sempre em primeiro plano. Por isso, esclarecimentos sérios e seguros devem
preceder a decisão final.
5- Necessidade de um
estudo aprofundado
E necessário que os pais ou, na sua falta,
pessoas de toda confiança, ajudem seus fi lhos a se esclarecer, sobre os
antecedentes dos candidatos e de sua família, do ponto de
vista moral e religioso. Não devem negligenciar a questão da saúde. Ninguém tem direito, numa
questão de que dependem futuras exigências,
de agir sem rodear-se de todas as garantias
possíveis e sem assegurar-se das aptidões morais e físicas da pessoa para a
criação de uma família sadia. Não é raro que pessoas sem escrúpulos, querendo casar, disfarcem mais ou
menos seus verdadeiros sentimentos.
6- A família - O meio social
Ainda que não se case com a família e o meio
social da pessoa escolhida,
seria agir com grande imprudência decidir-se a casar sem estar previamente
assegurado de que os hábitos de seu meio e sua educação não
serão de natureza a provocar conflitos e incompreensões.
7- Harmonias
secundárias
Mas, se para o bom entendimento se exige, antes de mais nada, a compreensão
mútua, há contudo harmonias secundárias que seria perigoso
desprezar. As diferenças de meio social, de educação recebida e
a desproporção de fortunas são outros tantos elementos que podem provocar
dificuldades e desentendimentos que perturbarão o desembaraço
das relações quotidianas. Seria erro psicológico crer que o amor se basta a si
mesmo, e que as dificuldades da vida não podem exercer sobre ele nenhuma influência para o bem ou para o mal.
8- A harmonia exige um
ideal comum
Uma das condições
essenciais para a boa harmonia conjugal é a comunhão de ideal moral e de convicções
religiosas. Antes de comprometer-se pelos laços do matrimônio, os
interessados deveriam sempre assegurar-se de que existe
concordância na sua maneira de encarar os grandes problemas da vida. Nunca poderão estar de acordo os
que encaram a vida comum como divertimento com os que a consideram como vocação; os que não partilham os mesmos
princípios de moral conjugai; os que
têm convicções religiosas com os que não as têm. Se os esposos não querem ver surgir-lhes desacordos trágicos e sofrimentos
sem saída, precisam, antes mesmo do matrimônio, se colocar de acordo nas grandes diretivas de seu ideal
conjugai e familiar. Uma mesma direção moral é o fundamento mais seguro
para o bom entendimento conjugai. Amar é
orientar-se juntamente no presente em direção
a um ideal cuja realização se procura em comum.
9- Este ideal é
especialmente necessário quando se tratar de educar os filhos
O
problema de concordância das convicções morais e de
crenças religiosas ganha toda sua importância
quando se trata da educação dos filhos,
e da influência a exercer sobre suas
consciências. Quantas divisões dramáticas quando, cada um dos esposos, pretende
passar para as almas dos filhos convicções
contrárias às de seu cônjuge.
10- Os caracteres
Apesar dos preconceitos correntes,
cremos que o matrimônio entre pessoas de caráter
diferente, até mesmo opostos, nem sempre é de se desaconselhar.
Não é raro que caracteres diferentes sejam complementares e se
harmonizem na mesma medida em que necessitam um do outro.
11- Matrimônio de coração ou
matrimônio de razão
É
preciso opor os matrimônios de "coração" aos matrimônios de "razão"?
Certamente que não, porque seria deixar entender que, de um
lado, o coração tem o direito de ser insensato e que, por outro lado, a razão pode
decidir-se independentemente dos sentimentos. Os matrimônios que apresentam as maiores probabilidades de sucesso são aquele
em que coração e razão se compreenderam e se entenderam harmoniosamente. O matrimônio não é uma loteria, mas um ato livre, no qual, após ter rezado a Deus e examinado todas
as circunstâncias, a vontade se decide com pleno conhecimento de causa.
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