l - Necessidade absoluta da religião cristã católica para a
salvação e para a santidade
A procura da santidade
cristã em Jesus Cristo e por Jesus Cristo não
é facultativa. «Elegit nos, in Ipso ante mundi constitutionem.
ut essemus sancti» (Ef.I,4) - Ele nos escolheu, em Jesus Cristo, antes que o
mundo fosse feito, para que sejamos
santos.
A Sagrada Escritura ensina
como nenhuma criatura humana pode escapar dessa necessidade absoluta de alcançar a salvação, Nosso Senhor, por quem tudo foi feito, instituiu a Igreja, o Estado e a
família para contribuírem, cada um segundo sua
natureza, à santificação das almas por Jesus Cristo.
A liberdade que Deus nos dá é essencialmente direcionada para a Verdade e para o Bem, pela lei da caridade. Não somos
livres de amar ou de não amar a Deus, à
Santíssima Trindade e ao próximo A liberdade é correlativa à Lei do amor
e da caridade.
Deus teve o cuidado de nos
dar suas leis por seu Verbo, leis divinas todas cheias do Espírito de caridade,
do Espírito Santo As leis da Igreja, do Estado e da família devem estar de acordo com estas leis
divinas e assim vir em socorro das almas
atraídas pelo erro e pelo pecado, e ajudá-las a se converter ao único médico: Jesus Cristo, Verdade e
Santidade.
(Liberar as almas da obediência as leis da sociedade civil, que são aplicações das
leis divinas, e fazer desta liberação um direito natural, é um crime de rebelião contra Deus e Nosso Senhor A
laicização dos Estados católicos e sua liberação
de toda religião, constituem crime de apostasia que clama por vingança quando se calculam as conseqüências da
perda das almas A liberdade dos cultos e o
ecumenismo que o encoraja são um «delírio», como disse Gregório XVI na sua encíclica Mirari vos).
2 - A
objetividade da nossa natureza espiritual e a objetividade da santidade - O
perigo do subjetivismo conciliar
Nossa espiritualidade e
objetiva, no sentido de que tudo o que nos santifíca vem de Deus por Nosso
Senhor Diz Nosso Senhor: «Sem mim,
nada podeisfazer».
Todo o capítulo XV de São João éuma afirmação
desta verdade. Nossa inteligência se
santifíca na verdade que lhe é ensinada, que não vem dela. Nossa vontade se santifíca na lei e na graça do
Senhor que não vem dela.
Esta dependência em face a realidade divina é essencial para manter
a alma ancorada firmemente na virtude da
humildade, na adoração, no reconhecimento e no desejo
sempre mais vivo de se saciar e alimentar nas fontes de santidade, especialmente aquelas do Coração de Jesus
(*).
(É difícil medir os desgastes espirituais ocasionados
pela tendência subjetivista do Concilio,
por seu personalismo, que se esforça erradamente em fazer abstração da finalidade da natureza humana, de sua
liberdade direcionada; assim se explica essa
exaltação do homem, de seus direitos, de sua liberdade, de sua consciência: humanismo pagão que arruina a
espiritualidade católica, o espírito sacerdotal e
religioso.)
É preciso que meditemos nestas realidades, para
permanecer católicos e guardar os princípios e as fontes da verdadeira
santidade1 Bem aventurados os que têm fome, do Magnificat e os pobres de espírito, das Beatitudes Infelizes os «divites»,
os ricos, que são cheios de si mesmos e não têm mais necessidade de Deus
nem de Jesus Cristo
Vindos de um mundo onde
reina por todo lado o subjetivismo, que põe como fundamento das relações sociais a consciência
individual, a liberdade de consciência, a autonomia
das pessoas que justificam todos os erros e todos os vícios, os jovens seminaristas deverão se empenhar para
reencontrar o caminho da verdade e da
virtude na objetividade de nossas faculdades e para reencontrar em Nosso Senhor a Verdade e a Santidade.
3 - A escolha providencial de
Roma como Cátedra de Pedro e os benefícios dessa escolha para o Corpo Místico
de N. S. Jesus Cristo
Creio dever acrescentar
algumas linhas para lembrar aos nossos padres e seminaristas o fato incontestável da influência romana sobre nossa espiritualidade, nossa liturgia e mesmo sobre nossa
teologia.
Não se pode negar que isto seja um fato providencial.
Deus, que conduz todas as coisas na sua
sabedoria infinita, preparou Roma para se tornar a cátedra de Pedro e o centro de irradiação do Evangelho.
Daí o adágio «Unde Christo e Romano».
Dom Guéranger, na sua
Histoire de Sainte Cécíle. mostra a importante participação que os membros das grandes famílias romanas
tiveram na fundação da Igreja, dando
seus bens e seu sangue pela vitória do reino de Jesu: Cristo. Nossa liturgia romana é disso testemunha fiel.
A Romanidade não é uma palavra vã. A língua latina é um exemplo importante. Ela levou a expressão da fé e do culto
católico até os confins do mundo. E os povos convertidos eram firmes em, nessa língua, cantar sua fé, símbolo real da unidade da
fé católica.
Os cismas e as heresias
começaram freqüentemente por uma ruptura com a Romanidade, ruptura com a liturgia romana, com o
latim, com a teologia dos Padres e dos teólogos
latinos e romanos.
É esta força da fé católica, enraizada na Romanidade,
que a Maçonaria quis fazer desaparecer
ocupando os Estados Pontificais e encerrando a Roma católica
na cidade do Vaticano. Esta ocupação de Roma pelos maçons, permitiu a infiltração do modernismo na Igreja e a
destruição da Roma católica pelos
clérigos e os Papas modernistas, que se apressaram em destruir todo vestígio de Romanidade: a língua latina, a
liturgia romana. O Papa eslavo é o mais
encarniçado em mudar o pouco que conservaram no Tratado de Latrão e na Concordata. Roma não é mais a cidade
sagrada. Ele encoraja a implantação
de falsas religiões em Roma, incluindo escandalosas reuniões ecumênicas e deixando brotar, por toda parte, a inculturação
da liturgia, destruindo os últimos
vestígios da liturgia romana. Ele modificou, na prática, o estatuto do Estado do Vaticano. Renunciou ao coroamento,
recusando-se assim a ser o chefe do
Estado. Esta animosidade contra a Romanidade é um sinal infalível de ruptura com a fé católica, que ele não defende
mais.
As Universidades
pontificais romanas se tornaram cátedras da peste modernista. A admissão de mulheres na Gregoriana, é um
escândalo contínuo.
Será preciso tudo restaurar « in Christo Domino», em Roma como fora de Roma.
Tenhamos gosto em examinar
como os caminhos da Providência e da Sabedoria divina passam por Roma e concluiremos que não
se pode ser católico sem ser romano.
Isto se aplica também aos católicos que não têm a língua latina nem a liturgia romana; se permanecem
católicos é porque permanecem romanos, como
os maronitas, por exemplo, pelos laços com a cultura francesa católica e romana que os
formou.
É um erro, a propósito da cultura romana, falar em cultura ocidental. Os judeus convertidos trouxeram
com eles do Oriente tudo o que era cristão, tudo o que no Antigo Testamento
era uma preparação e iria servir de apoio
ao Cristianismo, tudo o que Nosso Senhor
assumiu e que o Espírito Santo inspirou os Apóstolos a
utilizarem. Quantas vezes as epístolas de São Paulo nos falam sobre isso!
Deus quis que o
Cristianismo, moldado por Roma, recebesse um vigor e uma expansão excepcionais. Tudo é graça no plano divino, e Nosso
divino Salvador dispõe de tudo, como é dito dos
romanos, « cum consilio et patientia» ou «suaviter et
fortiter»!
Também nós devemos guardar esta Tradição romana querida por Nosso Senhor, como Ele quis que nós tivéssemos Maria
Santíssima por Mãe.
(*) O R.P. Garrigou-Lagraiige. na introdução do livro De
Christo Salvatore, faz profundas considerações sobre a objetividade da
espiritualidade, de grande utilidade nesses tempos de subjclivismo.
(Notas Complementares do livro A vida Espiritual, por Mons. Marcel Lefebvre)
Nenhum comentário:
Postar um comentário