quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Pensamentos de Santa Teresinha.



(Santa Teresinha aos pés de Leão XIII, desenho feito por Celine em 1903)


“Depois da missa de ação de graças que se seguiu à de Sua Santidade, começou a audiência. Leão XIII estava sentado numa grande poltrona. (...). Passamos diante dele em procissão. Cada peregrino ajoelhava-se, ao chegar a sua vez, beijava o pé e a mão de Leão XIII, recebia a sua bênção e dois guardas nobres tocavam-lhe, por cerimônia, indicando-lhe com isso que devia levantar-se (ao peregrino, pois me expresso tão mal que se poderia pensar que era ao Papa). Antes de entrar no apartamento pontifício, estava bem resolvida a falar, mas senti a coragem esmorecer, ao ver à direita do Santo Padre” Mons. Révérony!...”. Quase no mesmo instante, disseram-nos da sua parte que proibia que se falasse a Leão XIII, pois a audiência prolongar-se-ia demasiado... Voltei-me para a minha querida Celina, para saber a opinião dela. “Fala!”, disse-me. Um instante depois, estava aos pés do Santo Padre tendo-lhe beijado o pé, ele estendeu-me a mão, mas , em vez de a beijar, juntei as minhas e, erguendo para o seu rosto o meus olhos banhados em lágrimas, exclamei: “Santíssimo Padre, tenho uma grande graça a pedir-vos!...”.

Então o Soberano Pontífice inclinou a cabeça para mim, de sorte que meu rosto quase roçava no seu, e vi fixarem-se em mim seus olhos negros e profundos, parecendo penetrarem até ao íntimo da alma. – “Santíssimo Padre, - disse-lhe – em honra do vosso jubileu, permiti-me entrar para o Carmelo aos 15 anos!...”.

A emoção tinha, sem dúvida, feito tremer a minha voz, e por isso, voltando-se para o Sr. P. Révérony, que olhava para mim com surpresa e descontentamento, o Santo Padre disse: “Não compreendo muito bem”. Se Deus tivesse permitido, teria sido fácil ao Sr. P. Révérony obter o que eu desejava; mas era a cruz, e não a consolação, que ele me queria dar. “Santíssimo Padre (respondeu o Vigário Geral) é uma criança que deseja entrar para o Carmelo aos 15 anos, mas os superiores estão neste momento a examinar o assunto”. - “Pois bem, minha filha, (retomou o Santo Padre olhando-me com bondade) faça o que os superiores lhe disserem”. Apoiando então as minhas mãos nos seus joelhos, tentei um último esforço, e disse com voz suplicante: “Oh! Santíssimo Padre! Se vós dissésseis que sim, toda a gente concordaria!...”. Olhou-me fixamente, e pronunciou estas palavras, acentuando cada sílaba: “Vamos!... Vamos!... Se Deus quiser, entrará!...”. Encorajada pela bondade do Santo Padre, queria ainda falar, mas os dois guardas nobres tocaram-me delicadamente para me mandarem levantar. Vendo que não era suficiente, pegaram-me pelos braços, e o Sr. P. Révérony ajudou-os a erguerem-me, pois eu permanecia com as mãos juntas apoiadas nos joelhos de Leão XIII; e foi à força que me arrancaram dos seus pés... No momento em que assim era levada, o Santo Padre pôs a mão nos meus lábios; depois levantou-a para me abençoar. Então os meus olhos encheram-se de lágrimas, e o Mons. Révérony pôde contemplar pelo menos tantos diamantes como tinha visto em Bayeux...”.

Extraído de História de uma alma, Santa Teresa do Menino Jesus.

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